quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A mulher perfeita. Ou, a Mulher invisível



Começo com um velho clichê: Quem entende a cabeça das mulheres? Se pararmos para analisar superficialmente, saberemos que:

primeiro: elas gostam de homens decididos, que no mais das vezes demonstram certo domínio sobre elas;

segundo: se marcar encima demais, dando pinta de apaixonado, é chife ou término na certa. Mulheres não gostam de flores, mas sim de sexo bem feito;

terceiro: porte físico, inteligência na medida certa etc.

Ok. Superficialmente, disso, todo mundo sabe. Agora, na prática, a história muda de patamar. Nunca entenderemos a cabeça das mulheres, porque não entendemos a nossa própria cabeça. Sabemos desses alicerces ditos acima, mas não sabemos o porquê de não executá-los da maneira como descrito no manual.

Ontem, estava velejando (?) pelos canais  de TV, e vi que ia passar o filme "Mulher Invisível". Lembrei de algo que tinham me dito sobre o filme e pensei que seria legal assisti-lo. Foi numa conversa qualquer, sobre mulheres, que alguém me disse: "Não existe mulher perfeita cara, é igualzinho ao filme Mulher Invisível: elas não existem!"

Assisti ao filme. Fiquei impressionado com a ideia do autor, Cláudio Torres. Realmente, na cabeça de todo homem, a mulher perfeita é um consenso que não precisa de discussão. Ela é sexy, compreensiva, carinhosa, faz sexo como uma deusa, é dedicada, decidida com seu homem; enfim, é perfeita! Porém, como mostrado no filme, é uma ideia, um tipo ideal, e por isso, nunca será real. Ela é invisível.

Eu realmente desisto de tentar entender a cabeça das mulheres. Quando tento, acabo ficando mais confuso e escravo desse amor. Por que um dia ela quer casar com você, e no outro ela quer que você se foda? Por que um dia ela te acha perfeito e no outro acha o primeiro homem que a elogia? Por que um dia elas desejam flores e quando você as entrega no outro elas já não querem mais? Por que eu estou explorando essas dúvidas se há quatro linhas atrás eu disse que não queria mais saber das respostas?

Talvez a saída seja sempre ter consigo a imagem da mulher ideal, independente de poder tocá-la ou não. Como a mensagem do filme, amar a mulher ideal é amar a si mesmo, pois ela é criação sua, ela é você, e você a amando, e sabendo que será amado, é muito melhor do que tentar entender a cabeça das mulheres.

Quem não entendeu nada do que eu escrevi aqui, assista ao filme, e não se esqueça de reparar na última cena.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Conversei com a Natureza

Ontem, conversei com a natureza
e ela me disse - Com certeza! Ta faltando alguma coisa
Sei não, mas quando a folha caiu no chão
eu já lembrei do rosto dela,
parece até novela...
Mas Mãe, me diz!
Por que com ela me sinto aprendiz?
Acaso perfeito
deslizou em meu peito
como que devagar..
Que tal meu bem me quer?!
Mas vale como der
Insista na carência
na doce adolescencia
e eu lhe direi nasceu
Nasceu o som do povo
a flor da paz

Choveu? Não sei...
Disseram por ai que sim,
mas ela não ta aqui
para dizer
sim.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Rotativa Parou! Os Últimos Dias Da Última Hora de Samuel Wainer

“Uma vitória do progresso”, título do derradeiro artigo de S. W. para a Folha, que versava sobre as conquistas dos operários liderados por Lech Walesa na Polônia.



Livro de Benicio Medeiros, publicado em 2009, A Rotativa Parou!, 215 páginas, Civilização Brasileira, conta os bastidores da redação de um jornal que ficou para a história da imprensa brasileira. E mais, informa nas entrelinhas da narração um pouco da situação política, econômica e social do país na época em que Ultima Hora permaneceu sob o comando de seu criador.


Cheguei a esse livro por curiosidade em saber quais obras estavam concorrendo a prêmios de jornalismo, como o Esso e o Jabuti. Ao pesquisar na internet, li o título citado acima e me interessei mais ainda ao ver a capa. Até então nem imaginava da existência desse jornal. Já tinha lido em vários lugares o nome Samuel Wainer, mas não sabia quem era e o que fazia. Pois bem, resolvi comprar o livro.


A Rotativa Parou! é, nas palavras do autor, um livro de lembranças, com poucas entrevistas e uma certa pesquisa em torno do contexto do jornal. Portanto, é caracterizado como livro-reportagem. Uma curiosidade explanada pelo autor:  inicialmente era para ser um artigo, que cresceu, foi sendo separado por capítulos e acabou se transformando nesta obra.
 
Benicio trabalhou como repórter por um curto período na UH. Durante esse tempo, cobriu “abobrinhas” pelas ruas do Rio de Janeiro. Mas também fez entrevistas com personalidades importantes, como Di Cavalcanti. Em 70, época em que sequestros de diplomatas por grupos contra o regime era uma das formas de protesto, chegou a fazer plantão em frente a embaixada da Alemanha e Suiça junto a varios outros jornalistas. Sem muito êxito, pois as informações oficiais eram escassas nessa época, há seis anos instalada a ditadura.


É interessante a forma como descreve o ambiente da redação do UH. Para nós, estudantes de jornalismo, a realidade de trabalhar em uma redação parece algo distante. Mas ele consegue descrever um pouco do que é, pelo menos em sua época, o espírito de ir atrás das fontes e depois sentar para escrever.


Benicio era um repórter jovem que via ao seu lado grandes nomes do jornalismo, como Moacir Werneck de Castro, Nelson Rodrigues e João Ribeiro. O autor conta como era trabalhar com Samuel Wainer. “Talvez a maior diferença entre UH e os concorrentes é que esses não contavam com o carisma, o dinamismo e a ousadia de Samuel Wainer. Isso não podia deixar de se refletir no seu jornal e contribuir para o extraordinário sucesso da UH nos primeiros tempos.” Realidade bem diferente dos veículos comandados por empresários que só vêem o jornal como barganha. Medeiros e muitos outros que trabalharam com Wainer acreditam que esse carinho que o dono tinha para com o jornal se devia as suas raízes e claro, ao seu sonho. Wainer, antes de empresário, foi repórter, inclusive trabalhou para Assis Châteaubriant, em “O Jornal”. Muitos questionaram na época como ele teria levantado fundos para erguer a UH. Um só acontecimento talvez explique.


Samuel, em março de 1949, como repórter do “O Jornal”, foi ao interior do Rio Grande do Sul, numa fazenda em São Borja, achar Getúlio Vargas para realizar uma de suas mais marcantes reportagens. Retornou com a matéria, dando o título “EU VOLTAREI COMO UM LIDER DE MASSAS”. Getúlio voltou, em 1951, dessa vez eleito pela via democrática e então já tratava Samuel como “Profeta”. Muitos consideram, inclusive um texto que li no site arquivo público de São Paulo, que o Ultima Hora foi idealização de Vargas. De fato, indícios apontam tal afirmativa. A UH defendeu o governo getulista durante todo o seu mandato (1951-54). Por conta disso, enfrentou uma série de campanhas que ameaçavam a sua própria existência.


Assuntos polêmicos a parte, a importância do jornal para a imprensa brasileira está relacionada à sua diagramação inovadora; a uma linguagem que se aproximava ao popular, sem apelar ao sensacionalismo; aos intelectuais que passaram pela redação; à sua personalidade forte; tudo isso fruto de um sonho de um jornalista que usou de todos os seus esforços para fazer o seu jornal entrar para história da imprensa brasileira.

 
A UH sobreviveu durante 20 anos, de 1951 a 1971, quando passou de mão em mão até fechar as portas com uma dívida de 450 milhões de cruzeiros em 1991. “A UH que valeu a pena terminara há muito tempo, exatamente no dia em que Samuel Wainer e seu jornal deixaram de compartilhar os seus destinos.”, desabafa Benicio Medeiros, autor dessa obra que lhe valeu o quarto lugar no 52º prêmio Jabuti.

“Em 1971, mesmo ano que vendeu a UH, Samuel tornou-se empregado do antigo concorrente Adolpho Bloch, comandando um semanário de pouca duração, o Domingo Ilustrado (...) Depois dessa curta experiência, como qualquer outro jornalista brasileiro em busca de melhores oportunidades, seguiu para São Paulo, assumindo inicialmente –ironia do destino – o cargo de redator-chefe da última Hora paulista, que ele próprio fundou e que no tempo de exílio vendera ao grupo Folha.”


Samuel morreu em 2 de setembro de 1980, aos 70 anos. Quem quiser saber mais sobre a sua vida, Minha Razão de viver, eds. Augusto Nunes & Pinky Wainer, Planeta, 2005, é uma autobiografia editada postumamente por sua filha, a artista plástica Débora ("Pinky") Wainer.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Enquanto a festa....

Estávamos numa festa em uma casa onde a maioria das pessoas vestiam trajes com cores claras. Era uma festa de confraternização com o pessoal do trabalho. Eu devia ser um dos mais novos, apenas com 22 anos, enquanto outros tinham 20, 30 anos só de banco. O bom dessas festas é que você olha para os colegas de profissão com um olhar diferente, pois ninguém se comporta da mesma maneira como se comporta em outros ambientes. O chato é que sempre há aquelas pessoas chatas, dessas que vivem para o trabalho. Essas não mudam, são as mesmas pessoas tanto dentro como fora do ambiente profissional.

Enquanto conversava com alguns colegas, reparei em Juliana, uma loira alta, com andar marcante e um olhar carinhoso, de mulher. Ela estava linda. Com um vestido bege claro, conversava e ria, enquanto os homens babavam a cada palavrinha dita por ela.

Juliana deve ter perto de seus vinte e nove anos. É uma mulher muito atraente. Sempre a olhei no trabalho como uma mulher segura de si, que toma suas decisões e caso haja alguma dúvida, consultaria a mãe, companheira de vida.

Na festa, eu a percebia como no trabalho. Eu era só mais um que perambulava pelo décimo oitavo, mesmo andar de trabalho dela. Só que notei algo diferente em seu olhar esta tarde. Ela voltou o rosto para mim e apertou suavemente os olhos, como um discreto convite sedutor. Fiquei sem saber o que fazer e me virei rapidamente. Fingi que não vi e ri, falando coisas sem sentido para os colegas, tentando disfarçar minha timidez.

Enquanto o povo conversava, ficava me perguntando se aquele olhar tinha sido realmente para mim. Tive que tirar essa dúvida. Olhei para ela disfarçadamente, mas não retribuiu. Cheguei a desconfiar que foi charme, que no fundo me olhava de canto de olho, essas coisas que dizem que só as mulheres conseguem fazer. Mas não insisti, resignei-me que foi apenas impressão e voltei à conversa.

O papo estava chato. Pessoal falando de bolsa de valores, investimentos, fatos sobre economia; eu já não aguentava mais ficar ali. Trabalhava em um banco, e quando tinha uma festa para o pessoal se distrair um pouco, esse mesmo pessoal parecia ficar mais bitolado em questões financeiras do que em qualquer outro lugar. Sai dali, pra que ficar?

Fui dar uma volta na mesa que abrigava alguns salgados, doces, pães. Estava com uma cara ótima. Os coquetéis que o banco oferecia eram os preferidos da classe alta. Só cardápio chique. No entanto, o sabor não acompanhava essa chiqueza toda. Preferia uma coxinha, pastelzinho, do que esses salgados com nomes franceses que tinham gosto de nada. Me deu saudade das festas humildes.

Resolvi pegar só um suco com um garçom que passava.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pré-conceito é de homem pré-histórico

Falar, defender pontos de vista, criticar, tentar se inteirar, mostrar que sabe, desejar acima de tudo e todos. Essas situações muitas vezes se põem à frente da humildade. Eu sei que é difícil tê-la, mas mais difícil ainda é pensar que existem seres que não almejam esse dom. Sim, eu considero isso como um dom, pois das mais de seis bilhões de pessoas no mundo, talvez apenas milhares tenham esse sentimento altruísta.

Às vezes eu tenho medo das primeiras impressões. Elas enganam cegamente, devido ser um olhar virgem do assunto que está se analisando. Para dar um exemplo, lembro do primeiro semestre do meu curso, em que fiz um trabalho em grupo com um cara chamado Paulo. Ele já tinha mais de trinta anos, apesar de não aparentar, e eu 19. Ao sair o resultado das primeiras atividades, me impressionei com a capacidade de escrita de Paulo. Ele não demonstrava que escrevia tão bem, que tinha ideias interessantes sobre diversos assuntos. Mas por que eu pensei isso? Talvez pelo seu estilo de se vestir, de se comunicar? Talvez. Mas na medida em que fui conhecendo esse homem, fui notando o quão idiota fui ao ter um pré-conceito sobre sua capacidade intelectual.

Na entrega dos trabalhos, tirei nota 5, de um total de 10. Entrei na faculdade de jornalismo achando que escrevia bem e tirei um cinco, podendo tirar menos, não fosse, talvez, a bondade do professor. Enfim, levei um tapa na cara daqueles bem secos que ficam ecoando durante algum tempo até que se caia na real. Paulo tirou 7,5. Quando peguei seu texto para ler, estava realmente muito bom. Não só estruturalmente, mas as ideias. As ideias estavam impecáveis. Foi a primeira vez que percebi seu talento.


Mais ao final do semestre, foi passado um trabalho à turma para ser realizado em grupo. A essa altura já conhecia Paulo, e junto com um outro amigo, o Daniel, que também é um símbolo de perseverança e humildade, fechamos o grupo.

Eu era um vagabundo nessa época. Quase não lia, e todo dia que chegava à aula os professores me banhavam com água fria: "jornalista que não lê está fadado ao fracasso". Mais ou menos isso. Isso me doía. Eu sabia que necessitava ler, indiscutivelmente, mais do que estava lendo, porém não conseguia sair daquela inércia. Simplesmente, não fazia nada para conseguir.

Os dias foram passando e pelo menos uma vez na semana eu falava com Daniel: "E ai cara. Po, o Paulo ta enrolando a gente. Ele quer fazer tudo sozinho..." Eu falava isso na maior cara de pau, pois não fazia nada para ajudar no trabalho. Apenas planejava, planejava e via os sonhos passando e, em algum lugar desse mundo distante, estava o trabalho feito. Não sei por quem.

Chegando perto da apresentação bateu o desespero. E agora, José? Tenho que ir atrás disso. Paulo estava faltando muito por problemas pessoais, como viria a me contar depois. E no msn eu não o achava nem que a pau.

Chegou o dia da apresentação e ele apareceu do nada, um tanto atrasado. Olhei para ele entrando na sala, olhei para Daniel, pensei: fudeu. Assim que se sentou, fomos os dois trouxas atrás de Paulo para saber o que tinha sido feito no trabalho. Com um ar de dever cumprido, exalando o cigarro que ele provavelmente deveria ter acabado de fumar, disse: "Calma, tá tudo aqui..."

Quando fomos à frente da sala apresentar o trabalho, só ele falou. Apresentou a ideia e botou pra rodar o vídeo (o nosso trabalho foi fazer um vídeo, já que Paulo tinha experiência com esses programas). Ao acabar, todos ficaram admirados. Era muito boa a idea para caber em simples 15 segundos, sei lá.

O vídeo tratava de um cara que estava dentro de um elevador subindo para o seu andar. Quando entrou rapaz loiro, bem aparentado, como o que já se encontrava no elevador. Ao entrar, o homem que já estava no elevador começa a ter preconceitos de que o loiro é metido, egoísta, esnobe, julgando apenas pela aparência. E nos pensamentos do loiro, apenas assuntos distantes, mas nada relacionado à pré-conceitos negativos em relação ao outro. Ao final, o loiro se despede do preconceituoso com um simples "Até mais", dado de boa vontade, olhando nos olhos e acenando. Não preciso dizer mais nada.

 Humildade é um detalhe dentre tantos outros que compõem o ser humano digno de respeito e confiança.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Saia da caverna!!

Por que o mundo das ideias é muito mais infinito que o material? Os animais têm ideias? Ou é isso que nos diferencia dos animais? Essas perguntas têm algo em comum: a idéia. Mas o que vem a ser a ideia?

Bom, a ideia de que tanto vou falar aqui no texto é o nosso pensamento sobre as coisas, a forma que damos ao mundo a partir da nossa percepção.

Quando dizem que dinheiro não compra felicidade, eu concordo. Não pense que sou hipócrita. É verdade! Se você não vive o mundo a partir das suas ideias, ou seja, só enxerga o material e deixa os sentimentos e sensações de lado, a vida se torna sem graça. Não vai haver dinheiro que compre a felicidade enquanto o indivíduo não olhar o mundo como ele deve ser olhado.

Nós seres humanos temos a irritante mania de nos acomodarmos despercebidamente com a rotina. E não há nada mais angustiante que isso. Tanto que quando enxergamos o que estamos perdendo ao fazer uma viagem, por exemplo, ficamos pensando por que não agimos de forma diferente antes.

É ai que eu entro na história que serviu de base para esse texto: O Mito da Caverna.

O Mito da Caverna foi escrito há mais de trezentos anos antes de Cristo. Mas ainda’sim é uma das principais elucidações de como essa mania de nos acomodar pode nos enganar, fazer crer que a verdade se encontra somente naquela realidade em que estamos inseridos.
 
Nunca iremos saber se estamos dentro ou fora da caverna. Mas esperto será aquele que sempre tentar descobrir a verdade por diferentes ângulos. O Mito da Caverna serve para tudo. Para o Jornalismo então, nem se fala. Tem de se procurar a saída da caverna a qualquer custo. E o preço, creio eu, é muito maior e valioso que qualquer objeto material. O preço é a sensação de liberdade. E existe algum ser humano na face dessa terra que não deseje essa tal liberdade?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O estilo

Enquanto leio, penso lá no subjetivo do pensamento mais oculto sobre o estilo de escrita das pessoas. A escrita diz muito sobre a personalidade da pessoa. Por mais que o indivíduo queira ser alguém que não é, através da escrita é possível captar os pequenos detalhes pessoais. É por isso que eu valorizo a escrita, pelo menos um dos motivos.
Eu gosto de imagens, sons, é claro; mas a escrita é mágica. Ela eleva os pensamentos às alturas - ou funduras; ao subjetivo, enfim.


Na imagem, ficamos limitados ao que é mostrado. Às vezes esperamos maravilhas, e quando vemos a imagem, não é nada do que esperávamos. É o caso de alguns livros que viram filmes - que, por sinal, nunca tive essa experiência.


Pelo ar, chega aos nossos ouvidos o som, que tem a escrita. Contudo há alguns fatores que podem dissimular a mensagem radiofônica. No meu caso, eventualmente, me perco em meio à velocidade em que é transmitido algum programa de rádio. Seja por distração, com a vista livre para contemplar outras coisas, seja até mesmo pelo desinteresse na forma como são transmitidas as informações, unicamente pela voz.


Não me sinto um peixe fora d'água porque sei que a escrita é a base de todos os meios de comunicação. Num programa de TV, é o roteiro escrito quem norteia a programação. No rádio, idem, texto falado. Tá, tudo bem, na internet por vezes é preciso ter imagens e sons para alimentar nossa insaciável curiosidade. Mas, em geral, textos são mais imaginativos.


Portanto, meu manifesto é pela escrita. Gosto dela do jeito que ela é: às vezes desperta cansaço, desinteresse e até mesmo preguiça, mas continua sendo a preferida. A mãe dos meios de comunicação. A melhor forma de cada um interpretar da sua maneira o sentimento, pensamento, momento, e demais "entos" do autor. A escrita une as pessoas. Relacionamo-nos muito mais facilmente com outras pessoas através da escrita, porque ela traz em si os detalhes mais íntimos da pessoa, o subjetivo expresso em palavras.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Menino Peralta

Peralta, o menino,
só sabia trapacear
chamava tia de sabiá
e todo mundo ria:
"Esse peralta..."
E foi seguindo
a vida assim
Com astúcia e peraltices
o menino se virava
No ensino médio,
o melhor estudo
era em pedaços de papel
com colas sobre o ensino
Na faculdade,
não parava quieto
Se agitava para as provas
pedindo cola desde o início
sem mesmo ler o que dizia.
Formou-se em 80 e tal
Conseguiu uma indicação do pai
Trabalha hoje como político
em um partido de má fama
Dizem que ele é corrupto
vai saber...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Moreninha

Moreninha

Caminha ela no cerrado
Tocando o chão com os pés empoeirados.
É a menina, a bela brasiliense
Que torna as árvores, tão secas, reluzentes
Talvez ela exlique a alma do cerrado
Ao caminhar pela estrada a curtos passos.

Enquanto a cidade cresce
E a violência abala, o povo estremece,
A menina passa e não entende nada:
Se a cidade contempla a Modernidade
Como é possível problemas de Idade Média?
E vira e mexe se pergunta, e Deus infere:

“Justiça cabe aos homens, dei-lhes terra, céu e mar
Não cabe a mim, cabe aos homens julgar.”
E ela se foi, mais uma vez à terra andar
Ver a burguesia
Dois pra cá nenhum pra lá.

Prates

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Relances

Algo como os relances é muito difícil de se explicar. O relance é a base do cinema, dos momentos, das imagens que nos vêm a cabeça quando lembramos de algo que marcou.


calma e ávida (olhos de quem vê)


olhei para tras, vivi teu romance
vi como era ágil, viril, quase um animal
Senti que tua vida marcou o relance
daquele instante em qui'aconteceu

Só consigo imaginar
como era, como foi estar
O ocorrido, ter vivido
espero ainda estar
sei que ainda está
contigo

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Marinheiro D'água Boa

Veja bem, preste atenção! É você cara!
Quem vive, quem insisti pela indagação.
afasfiashfaoifhsaoifsh.
Você quem comanda. Você é o marujo.
Pegue os livros, quaisquer, e leia, para se tornar um bom marujo.
Dizem que colhemos o que plantamos.
Se plantarmos bom futuro, a terra boa há de vir!
É, pensa nisso marinheiro: "Se plantarmos bom futuro, a terra boa há de vir!"
É!... (avistando ao longe o horizonte, perto de um meio qualquer)

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Drogas? Não, obrigado!

Como é dar um passo para trás? Na maioria das vezes ergue-se a cabeça, visualiza-se o erro e segue-se em frente. Mas e o passo que é dado seguindo um erro já cometido? A honra sente-se abalada. Personalidade fica confusa, embreagada. O amor esconde-se. Só fica a dúvida medonha do ser ou não ser capaz.

Vivemos num mundo onde a indepêndencia ainda é o troféu do ser humano. Aliás, creio que sempre foi assim. No entanto a guerra para alcançá-la é dura. Guerra soa muito violento, prefiro jornada. Uma jornada cheia de obstáculos, crenças, detalhes, armadilhas, charadas. Nela encontram-se muitos inimigos, mas também muitos aliados.

O cotidiano é recheado de desafios. No transito não se sabe quem está do outro lado do vidro. No estádio de futebol não se sabe com quem assistes. Até mesmo numa festa, motivo de comemoração, há brigas e violência. E, finalmente elas, as drogas. As drogas estão em todos esses lugares e são elas, na maioria das vezes, que causam essa violência sem motivo, covarde.

As drogas podem ser um daqueles passos em que você dá para trás e, possívelmente poderá repetir o ato de ver-se andar para trás caso use novamente. As drogas são motivo de tráfico, mortes, violência, destruturação familiar, depressão e, principalmente, sensação de fracasso.
Não existe coisa pior para o homem do que o fracasso. Ainda mais o fracasso induzido pelas drogas. O ser humano se sente desajeitado em continuar a vida; atrasado por ter usado e perdido um pouco da realidade vendo-a transcorrer pelas mãos.

O texto que escrevo aqui não é para que você pare de usar drogas. (Na verdade é sim, é a finalidade da idéia). Ele é um conselho para que apenas veja as consequências do seu ato e o que pode estar perdendo ao ver a droga como um apêndice inseparável, onde somente com ela se é capaz de escrever, sair, namorar, estudar etc.

Aprender a viver sem a droga é aprender a viver consigo.

Não vou prolongar mais o texto pois não quero que soe à mente de vocês como uma mensagem de autoajuda.
Beijos e abraços!

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pequenas porções de evolução

Veja como cresci. Eu não tinha tantos apelos; olhe para mim: estou com cara de sério, centrado em meus estresses diários, mas também preocupado com a felicidade. Estou vivendo uma vida de adulto, não imaginei viver essa transição sem notar.

Para mim, isso era coisa de outro mundo, poder conversar com pessoas mais velhas; hoje em dia é aprendizado, algo bom e saudável.

Eu percebi uma coisa até o dia de hoje: aprender com o outro é essencial. Antigamente e até hoje tenho preconceitos, mas tento sempre me livrar disso admirando o próximo.

No entanto, existem coisas, para mim, que realmente não fazem sentido admirar. Restart, Cine; sei lá, são coisas in-gostáveis. O motivo é saber que a banda não tem personalidade, escreve para a massa, vive de forma retrógrada; acho que não é bem por ai que se tece o caminho para uma carreira digna de aplausos.

Hoje em dia, tudo o que é feito com esforço e estudo eu admiro. Pessoas que soaram, que tiveram um momento divino numa composição, que procuraram a melhor nota, que compuseram com vontade, que escreveram com firmeza, que tocaram ensaiados; esses são dignos de aplausos. E muitos.

Tem um cara que eu vi na internet - não sei muito sobre a vida dele, mas percebo que ele teve atitude em falar muitas coisas que pensamos, mas não manifestamos a opinião em público.
O nome dele é Felipe Neto. Ele expõe suas opiniões diante de comportamentos na sociedade. Apesar de muitas vezes pode parecer equivocado é interessante assisti-lo. Basta escrever "Felipe Neto" no youtube que você, Leitor, acha.

Boa noite.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Pequeno grande mapa histórico subjetivo

Foi uma época difícil. Minha vida estava na contramão, desviando dos carros em alta velocidade com os olhos fechados. Por meses fiquei louco, louco de verdade. Nada fazia sentido; as pessoas me davam medo, tinha medo de falar com as pessoas. Achava que sempre estavam pensando algo ruim sobre mim. Minhas palavras e conversas sempre eram rebaixadas por mim mesmo ao ridículo. O violão, companheiro de guerras, me olhava preocupado. Sabia que tinha que dar tempo a mim, por isso se voltava para seu universo como simples objeto material.

Minha belle dejour acabava de me deixar, foi o cúmulo.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Vida de escritor

Gay Talese, nascido numa pequena cidade norte-americana de Nova Jersey, em 1932, filho de imigrantes italianos, é um dos criadores da expressão “novo jornalismo” - que investiga com as ferramentas de repórter e relata com os recursos literários de escritor. Até o ano de 2005, havia publicado quatro obras, entre elas a mais famosa “Fama e anonimato”, Companhia das Letras, 536 páginas, livro que reuni textos que Talese publicou após os anos 60 em revistas como Esquire e The New Yorker. Em 2006, ele termina a autobiografia Vida de escritor, Editora Companhia das Letras, 512 páginas. Segundo o jornalista Mário Sérgio Conti, autor do posfácio da obra, “Vida de Escritor foi o livro de Talese que teve pior recepção nos Estados Unidos. As restrições foram de duas ordens: ele seria um pot-pourri com restos de livros que goraram; a sua construção era forçada e frágil.” Mas por que Gay Talese quis reunir suas histórias que não alcançaram o status de livro em uma só obra? Percebe-se que não é tão simples assim.

De fato, Talese retrata suas experiências de forma sinuosa, em que relata o passado distante e o passado mais próximo de forma contínua; apenas um parágrafo separa décadas de vida. Seu dom para retratar cada ambiente, cada personalidade e até mesmo os pensamentos que tinha diante das situações, por muitas vezes deixa a obra cansativa. A impressão que se tem é que, na medida em que ia escrevendo, Talese recordava de outros acontecimentos e fazia questão de escrevê-los imediatamente.

Por exemplo, ele começa o livro falando de uma Chinesa que perdeu um pênalti no final de uma copa do mundo feminina de futebol. A partir daí, surge a idéia de entrevista-lá de uma forma diferente daquela abordada na mídia, em que apenas um parágrafo resumiria a situação. Talese queria saber o que se passava na cabeça da chinesa e como ela iria fazer para encarar sua nação na volta ao país. É uma idéia excelente! Porém ele só consegue retomar à situação no final do livro. Até lá, muitas descrições, apesar de conseguir interligar histórias totalmente diferentes de maneira hábil.

Talese consegue contar fatos importantes que na época fracassara, seja por sugestão de pauta, seja por não conseguir transformar seus textos em livros, como desejava. Essa é a grande sacada do livro. "(...) eu achava que com tantos livros de sucesso no mercado, e sobre como ficar rico, e como vencer, seria interessante ler algo sobre pessoas que talvez tenham desenvolvido um talento singular para a derrota", conta Talese.

E é verdade: qual autor renomado tem a coragem de mostrar seu lado fracassado, suas idéias que, quando criadas, em sua cabeça eram brilhantes e, no momento de apresenta-las a alguém, o não surge antes mesmo de qualquer coisa? São poucos que têm a audácia...

Apesar das suas constantes digressões, Gay conta os bastidores de acontecimentos importantes, como a marcha contra o racismo, liderada por Martin Luther King. Na época, repórter pelo New York Times, ele retrata o comportamento de uma sociedade segregacionista ao extremo, a ponto de os negros não possuírem direito a voto! Conta não só como foi a passeata, mas principalmente os impactos depois que a mídia esqueceu a cidade de Alabama, palco das reivindicações. A cidade era a mesma, ainda via-se os olhares e comportamento resignados por parte dos negros.

Esses e outros acontecimentos são relatados no livro de forma calorosa. Percebe-se na leitura que Gay tem prazer em contar seu dia-a-dia nas redações, na cobertura de acontecimentos como jornalista iniciante ou não, em descrever o outro visando sempre não só o lado conhecido por todos, mas principalmente a face humana da pessoa, seus comportamentos e predileções. O leitor que prefere caminhos alternativos, em vez da “verdade” que a maioria segue, irá se identificar com essa obra prima de Gay Talese, mesmo aquele que não goste de rodeios em volta do mesmo assunto, ao menos irá admirar a paixão que Talese tem com o ser humano, a si mesmo e, principalmente, à escrita.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Victor, o rapaz em quadrinhos


Ao ser o escolhido para subir ao palco e falar de sua vida, o estudante de jornalismo Victor Nunes Monteiro, 19, a princípio pensou ser uma tarefa fácil. Afinal, as perguntas eram destinadas à elaboração de um perfil sobre a sua pessoa, sendo realizadas pelos estudantes em sala. E como todos tinham esse único objetivo, ele não teria de fazer o trabalho, visto que sua presença frente à turma já bastava para garantir sua nota.

De aparência tímida, porém não tão discreta, Victor sentou-se à mesa e esperou começar a entrevista. No início, perguntas simples não abalaram com o interior do estudante. Respondendo calmamente as mais básicas, contou que sempre morou em Brasília com os pais, se disse um cara sossegado, que gosta de esportes, apesar de seu comportamento de menino caseiro.


Mas, como nem tudo são flores, as perguntas mais íntimas foram aparecendo e Victor, com o passar do tempo, não parecia tão à vontade como de costume.


Os entrevistadores passaram a perceber algo incomum em um rapaz de 19 anos: sua dependência em relação aos pais. Perguntado sobre a relação com os esses, Victor foi direto: “Temos uma relação boa, a gente não briga muito não”. Mas, logo em seguida, entoou de forma não muito satisfeita: “Ela (a mãe) sempre tem alguma crítica nas coisas que eu faço”.


O desabafo foi em relação a um desejo antigo em realizar o curso de cinema. Segundo ele, a mãe, devido à inconstância das decisões do filho, resolveu matriculá-lo no curso de jornalismo, apesar de Nunes não gostar de ler.


O estudante do terceiro semestre de jornalismo confessou também sofrer bulling - nome dado às violências cometidas por alunos encima de outros alunos - na adolescência. “Pedi ajuda terapêutica para minha mãe”. A terapia durou até o final de dezembro de 2006, quando Victor decidiu sair por conta própria, alegando que a terapia propunha um estilo de vida diferente do seu.


Em seus 19 anos de vida, Victor teve apenas uma namorada, aos dezesseis anos. Ao contar sobre o relacionamento, visivelmente seus movimentos tornaram-se mais agitados, o que demonstrou certa resistência ao falar sobre o assunto. O relacionamento não durou muito, apenas 3 meses, acabando de forma peculiar.

De acordo com Victor, certo dia o casal estava passeando pelos corredores da escola quando a namorada percebeu que ele estava evitando permanecer de mãos dadas. Ela perguntou o porquê da esquiva. “Você transpira muito pelas mãos”, respondeu de forma inocente. Depois de dita a frase, que até hoje Victor não se esquece, a menina nunca mais quis tê-lo como namorado.


“Eu queria ter uma irmã mais velha pra me ajudar nessa questão feminina”. Senti sinceridade quando Victor disse isso. Aliás, desde que ele se sentou ali, na frente das pessoas, não percebi mentira em suas palavras.


Esse rapaz, que até aqui se mostrou dependente e de certa forma com medo de assumir seus desejos, apesar dos defeitos que, aliás, todos nós temos é, sem dúvidas, fiel à sua personalidade. “Minha motivação é acordar e poder encontrar e estar com as pessoas que eu gosto.” “Me considero um cara de muitos amigos”, acrescenta o menino tímido de costeletas e óculos que lhe dão vida e faz “Victor, com ‘c’” ser quem ele é.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Meu

Eu não sou o centro. Eu não sou perfeito. Eu tento, sempre percorro o caminho paralelo. Tenho medo. Tenho vergonha. Meus amigos me acham estranho. Eu quero me divertir. Mas do meu jeito. Minha diversão envolve natureza, animais e fidelidade. Eu gosto de escrever. Eu amo ler. Eu amo minha juventude. Eu não quero meus amigos longe. Não quero olhares estranhos. Minhas atitudes nunca visam o desastre do outro. A mentira não faz parte do meu teatro. Meu teatro tem violão. Mas há tempos não dou atenção a ele. Eu amo minha família. Eu me amo. Eu amo os lugares. Me perdoem se pareço estranho as vezes. Me perdoem meus medos e até minhas certezas. Não quero machucar ninguem. Só quero viver, e conquistar a independência.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Suponhamos...

Acabei de chegar na cidade. Ela é uma tentação, nunca vi tantos anúncios e regalias. O som do trânsito e das ondas soa como música aos meus ouvidos. Eu estou me sentindo muito bem, leve.
As pessoas aqui se vestem bem, veja aquela moça: enquanto ela anda, suas jóias se movem calmamente, seus passos são lentos e bem calculados, sua postura elegante. Ela é impecável!
Essa rua por onde ando é bem movimentada, tem vários anúncios e cartazes indicando os produtos que devem ser comprados. Eu gostei daqui, gostei das pessoas. Elas são intocáveis, são bem vestidas e gesticulam bem ao falar no telefone, parece uma passarela.

Esse som me toma pelo chão. Sem perceber fechei os olhos e comecei a sentir a energia dessa cidade. A energia da beleza, do encanto, das luzes que refletem dos óculos de grife, do olhar esperançoso do gari, da posição esbelta das árvores. Isso me alimenta, sinto-me bem aqui.
Quer saber? Vou pegar o caminho da praia. Estou dispensado, tenho a tarde inteira.

O caminho permanece iluminado, por que as pessoas sorriem tanto? Será que todo mundo está de dispensa hoje?

Meu bom Mar me diga, onde me levarás nesta minha iminente viagem? Eu quero ir para África, sim, a África! Sede da Copa do Mundo. Visitar os Safáris habitados por onças, girafas e turistas de todo o planeta. Conhecer a história daquelas cidades onde a segregação um dia já existiu. Ver e ouvir pessoas de diferentes nações.


Meu Mar, me leve? Não me deixe olhar pra trás, apenas quando eu acordar e não me lembrar de mais nada.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Bela atriz


No deserto, eu a vi caminhando. Azul, leve e independente. Não acreditava no que via. Parecia uma miragem. Sua leveza encatava. Pensava, enquanto acompanhava seus quadris ao andar, de onde podia ter vindo tamanha perfeição. Jeito, postura, dança. Ao longo de seu caminhar, ela cantava músicas de Alceu Valença, indicando seu lado feminino com toques exóticos e poéticos.

Não agüentei, corri para tentar falar com a tal moça que há tanto me encantava. Corri, corri e, quando pensava que alcançaria suas lindas mãos, esquivou-se com soltura e sensualidade. Meu Deus, pensei, preciso alcançá-la! Corri, corri, corri mais. Corri com passos largos, curtos, rodopiando, pulando, usei de todas as formas que conhecia para correr mais rápido, mas não a alcançava.

No meio do caminho, vi que estávamos nos aproximando da praia e comigo pensei: não tem como ela escapar: vai ser lá onde vou segurá-la e arrancar em suspiros seu nome e perfume exalado da boca ao falar. Só mais um pouco e enfim tocarei sua pele, revelarei seu segredo.

Mas, quando foi chegando perto, perto demais da praia fui pensando: será que vale a pena descobrir o segredo da linda mulher que corre à minha frente? E se eu descobrir e não gostar? E se ela não for tão sublime quanto eu espero? Minha poesia, meu encanto por ela não vai mais ser o mesmo. Minhas palavras vão passar a ser triviais, meus olhares vão ser tímidos e minha vontade não mais aguçada pela adrenalina do desejo.

E agora, o que eu faço? A praia está chegando, eu revelo ou não o segredo? Desfaço ou não das minhas poesias para a bela atriz?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mundo

Há coisas inexplicáveis que acontecem em nossas vidas: há coisas em nosso caminho que nos botam pra baixo, pra cima, sem motivo. De hora em hora nos transformamos completamente em níveis epteliais, conotativamente falando; mas sabemos que a essência permanece a mesma. É isso que me faz prosseguir, pular pedras enormes, obstáculos que precisam de pernas de Jardel Gregório para serem perpassados, é isso que me faz.

A concentração na estrada é essencial. Às vezes amigos ou parentes aparecem para dar aquele empurraozinho para gente seguir em frente. Isso também é essencial, pois faz parte da nossa alma a energia que sentimos dos amigos.

"É impossível ser feliz sozinho".

Embalado nesse momento de extasia do sentimento, eu me declaro feliz. Declaro que todos sejam, que façamos nossa parte. O mundo é repleto de ignorantes, de pessoas com a cabeça fechada para os seus problemas. Porra, todos temos problemas, mas se ajurdamos fazendo a nossa parte com certeza isso refletirá positivamente na resolução do problema do próximo.
Quando uma pessoa taca lixo pela janela do ônibus, eu me pergunto sempre: será que essa pessoa fez isso por não ter aprendido em casa, ou na escola? Mas não é possível. Nem tudo aprendemos em casa. Se fosse assim, as pessoas não saiam à rua, com medo das diferenças.
Uma pessoa que taca lixo pela janela é no mínimo ignorante por vários fatores. Pelo fator do egoísmo para com os outros e com o mundo. Pelo próprio fator da ignorância em sí, por não enxergar o óbvio por pura negligência.

Com tantas informações veiculadas nos meios de comunicação, produzidas com tanto esmero pelos jornalistas para alertar a população sobre os efeitos agressivos que as ações humanas vêm causando no planeta, não é possível que um babaca ao menos não tenha visão de que jogar lixo pela janela do ônibus, por mais que um funcionário do serviço de limpeza urbana venha limpar no dia seguinte, é um ato incrédulo diante do contexto que estamos inseridos.

Nessa busca incessante ao sucesso profissional que vivemos atualmente, muitos deixam-se cegar pelas ambições e acabam esquecendo da responsabilidade que todos e cada um tem com a sua casa, o nosso pequenino planeta.
E olha que apenas citei o caso do lixo jogado pela janela...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Felicidade em preto e branco

Atlético garante a vitória em cima do Ipatinga e conquista 40º título mineiro. Apoio da Massa é decisivo





omingo, dia de decisão do Campeonato Mineiro. Torcedores atleticanos acordam, levantam e antes mesmo de abrir os olhos vestem o manto. Após a roupagem, olham pela janela: céu azul. Pena que a cor foi vista apenas no céu. Alguns torcedores inconformados diziam: “nós queríamos o Cruzeiro, mas cadê o Cruzeiro?”

Preparação feita, atleticano às ruas.

As vias de acesso prontas para a enorme carga de torcedores ansiosos. Ônibus e carros lotados de fanáticos convergiam para um único ponto: o Mineirão. Assim amanheceu o dia da decisão entre Atlético Mineiro e Ipatinga.

No local do confronto, o estacionamento lotado de atleticanos em busca do passaporte para o espetáculo deixou a já pequena, porém fiel, torcida do Ipatinga assustada. Embora a vontade fosse grande, nem todos conseguiram garantir a entrada.

Falta de ingressos e confusão

A grande demanda por ingressos não foi acompanhada pela oferta. Cambistas vendiam ingressos – que custavam inicialmente 20 R$ – a preço da própria camisa do time. Muitos torcedores que esperavam assistir ao espetáculo ao vivo viram o sonho se perder pela falta de bilhetes e se contentaram em acompanhar o jogo pelos famosos radinhos de pilha nas mãos de alguns torcedores, pela televisão ou até mesmo por carros de som próximos ao estádio.

Como nem tudo são flores, a falta de ingressos desesperou boa parte das torcidas. A meia hora do jogo, alguns mais alterados pretendiam acabar com a festa antes mesmo de ela começar e incitavam pequenas brigas ao partirem para cima dos que os vendiam a preços absurdos. De tempo em tempo, um grupo de furiosos partia para cima de cambistas, mas, instantes depois, a polícia chegava para apartar e garantir a festa no Mineirão.

Vitória e comemoração

Confusões à parte, o Atlético conquistou merecidamente a vitória. Com um resultado de 5x2 no agregado das duas partidas, o Galo mineiro foi pela 40ª vez campeão es
tadual – quatro a mais que o rival Cruzeiro – e pôde comemorar a festa há três anos aguardada. Oficialmente, 60.704 pagantes presenciaram a final, o que gerou renda de R$ 1.209.820,00.

Após o jogo, torcedores, dirigentes, integrantes da comissão técnica e jogadores se reuniram na Praça Sete, no centro de Belo Horizonte, para festejar a conquista da Taça. Como heróis após uma batalha, os jogadores do clube foram recebidos com o hino do time orquestrado pela banda mineira Tianastácia. A festa de comemoração lotou a Praça e contou com a distribuição de 40 mil latinhas de cerveja.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A que será que se destina? Não importa. Amo!

Do que é feito o amor?

São risos, detalhes, convivência, olhares, momentos, destino. Só isso?
O amor é uma invenção humana? O amor é uma ilusão? O amor é único? É passageiro?

Ninguem nunca vai poder definir o que vem a ser o amor. O amor não se define, se sente.
Se vive! O amor está presente em tudo, basta que os dispostos se encontrem e pronto, ele se mostra.
Nunca podemos esquecer o amor. Quando isso acontece causa depressão, vertigem, desvontade de viver. E não é isso que Deus quer. Deus quer que vejamos o amor. A partir dai, creio eu, que ele já está satisfeito. A partir dai, cada um com seu juízo, cada um escolhe se quer ou não a vida com amor.
O amor é um, dois, um milhão, o infinito. É ele quem move religiões, amizades, acontecimentos. Vivamos o amor. Ou pelo menos enxerguemos ele. Eu não tenho dúvidas de que quem sente amor, sente Deus.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Tonigt: Franz Ferdinand

A banda escocesa se apresentou levando o público a delírio em pleno domingo



Nesse domingo, 21/03, aconteceu o show da banda Franz Ferdinand em Brasília, no Marina Hall. O show representa a turnê da banda pelo Brasil, passando pelas capitais Porto Alegre, Rio, Brasília e por ultimo São Paulo. Inicialmente foi divulgado que iriam apresentar musicas do ultimo álbum Tonight: Franz Ferdinand. Mas “o show”, ressalva o Correio, “contempla toda a carreira dos rapazes de Glasgow.” Previsto para as 21 hr, para a felicidade de todos, foi o que aconteceu. E para abrir o espetáculo, a banda The Pro, em um show também pontual - até de mais, não cheguei a tempo de vê-los – foi escolhida a dedo e ouvidos pelo grupo escocês entre várias outras numa seleção nacional.

A partir daqui vou contar o show como realmente foi, sem me prender a palavras formais e sentimentos reclusos.

Chegamos, estacionamos, pegamos a caixa térmica que continha uma caixinha de cerveja e uma heineken e fomos para perto da entrada. Meu amigo, o Guiga, queria ver a banda que ia abrir o show. O vocalista era amigo dele e ele prometeu presença. Mas infelizmente o álcool falou mais alto. Já atrasados, nós tivemos que tomar tudo que podíamos em pouco tempo, para não perder o show da banda The Pro. E mesmo entrando com uma latinha dentro do bolso cada um, não chegamos nem a ver os últimos ruídos da ultima música. É, não deu Guiga.

Quando vimos que perdemos o show da The Pro, ficamos conversando sobre a vida, bêbados eu acho. Papo vem papo vai. Opa! Começou o show Guiga, corre, corre! Era “No You Girls” que estava iniciando o já iniciado espetáculo, alertando a todos com aquele solinho inicial um tanto... peculiar?
Entramos correndo e fomos para perto do palco. Com a latinha na mão, pulando feito louco, vimos que não ia dar pra ficar ali naquele lugar, onde os supostos fãs defendiam com garras e câmeras. Fui empurrado na primeira tentativa de me soltar. Como pode? “Vamos lá pra trás, Guiga!”
Chegando lá atrás eu não sei o que aconteceu. Botaram alguma coisa na nossa bebida ou os ventiladores estavam empurrando o ar com alguma substância alucinógena, ou..., ou eu realmente não sei. Só sei que entramos na dança. Passamos a ouvir e sentir o show. A música penetrou em nossos corpos e não conseguíamos sair dela. Nem ela de nós.

Começamos a interpretar. Corremos pela arena do show desviando das pessoas. Dançamos no ritmo do baixo, da guitarra, da voz, da segunda voz, da bateria e da música. A energia era tanta que tentávamos passar para as pessoas. Segurava-mos em seus quadris e girávamos com leveza e soltura. Depois corríamos mais, deslizando pelo chão escorregadio. Cada um ia para um lado. E depois, surpreendentemente, nos achávamos no momento exato!

A galera foi ao delírio quando o baixo clamou: “Venham, é Take Me Out!”. Todos se surpreenderam, pois muita gente achou que eles não iriam tocar músicas do primeiro disco. Naquele momento nem o segurança mais sério se segurou.

Depois da tão esperada, os que acharam que o nível do show ia baixar, retiraram o que “disseram”. Músicas como Michael, Ulysses, Lucid Dreams, Do you want to, além de outras tantas, fizeram do show do quarteto Franz, novos se pensarmos no ano de lançamento do primeiro Cd, 2003 - um espetáculo de gente grande. Lucid Dreams fechou o show com chave escocesa, para fugir do velho clichê. Não vou me estender muito para tentar defini-la. Apenas ouçam e tente imaginar como foi ouvi-la ao vivo.

http://www.youtube.com/watch?v=Dl98kUWgQrc&feature=fvw

Beijos e abraços!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Postagem

O que era porto, despencou...
Tentei apelar para tudo voltar ao normal, em vão...
Apanho do tempo nas horas mais surpresas, como após um jantar, depois de momentos simples rotineiros.
Todo dia é uma batalha com meu orgulho, ele o corajoso, audaz; eu, o fraco, romântico desesperado.
Parece que estou vivendo na idade média. Não me importa realidade no momento, não importam muitas coisas.
É uma melancolia minha, depressiva e saudosista. Só consigo lembrar das coisas com cores alegres, com amor. Mas por que? Isso não é justo. Eu quero que meu orgulho ganhe essa batalha medieval, que tire de mim essa saudade avassaladora, que me deixa em cacos, que me faz pensar em mais nada, que me faz escutar músicas melancólicas, que me faz escrever isso pra você!
Eu sou mesmo um babaca...

quarta-feira, 10 de março de 2010

Solidão

Engraçado como é o termino de uma relação verdadeira. Súbita, desconcertante, te deixa zonzo e louco como um adolescente. Das mil maravilhas para o túmulo mais nostálgico, ela cai. Faz da certeza uma contramão. Cruza varias vezes um mesmo ponto e não se chega a lugar nenhum.
Assim como se pensa "ufa, estou livre", se pensa "preciso de algo, da minha wonderwall' que me mantem salvo e seguro."
Mas como pode ser verdade agora, se a minha parede maravilhosa se destruiu propositalmente...

terça-feira, 2 de março de 2010

Ter imagens pra te olhar


Escondido, eu olho pra ela rente à esquina que separa nossas salas. Como sempre linda, delicada e solta. Percebi que de tempo em tempo me olhava um olhar de dois segundos, interessado e, como de costume, concentrado secundariamente no outro assunto. Suas amigas logo perceberam e me olharam também, virando-se para ela rindo. Escondi meus olhares rapidamente. Que idiota, por que sou tão tímido? Voltei pra aula...
Olhei o relógio; olhei o professor, olhei meus amigos em volta, olhei para janela: vou sair daqui!
Peguei minhas coisas, esperei o professor dar as costas e fui. Senti que todos olharam pasmos e admirados pela coragem. Fui atravessando os corredores na velocidade do meu pensamento, precisava sair dali.
Chegando à saída fui interrompido. Um inspetor veio perguntar o por que da minha fuga apressada e sem sentido.Eu disse que precisava resolver algo. Batendo os olhos em mim, disse: "vai Fernando..!", ele sabia que eu estava mentindo. Não importava.
Sai e segui o caminho da praia; fui correndo, sobrevoando o asfalto desviando-me dos obstáculos. Ahh! para que existem semáforos! De que importa: vou atravessar. Desviei de um carro, esperei outro passar e "péééénn", quase que sou arremessado asfalto à dentro. Mas escapei.
Cheguei!, cheguei à praia, e pude ver a imagem tão desejada por mim naquela tarde.


domingo, 28 de fevereiro de 2010

A rua



Do quinto andar eu olho a rua. Faço uma lista das coisas na minha cabeça: carros rápidos, lentos, altos, velhos; árvores entre as cidades, apredendo a conviver com a urbe; transeuntes apressados, enamorados, contempladores... Eu olho os prédios, imagino o que cada pessoa deve estar fazendo dentro de seus lares. Imagino também o que uma celebridade internacional deve estar fazendo naquele momento - quem não pensa nessas besteiras?; é bom sonhar, viver e ver poesia em coisas simples.
É do quinto andar que eu penso isso. Eu nunca encontro outros curiosos olhando em volta, mas com certeza não devo ser o único...

Domingo

Entre um sim e o não
minha fuga foi escape
pra longe da tua emoção
exagerada, um desgaste

Entre o vem e a solidão
prefiro a índole, meu porto
que não vai se abalar
por algo inconstante, torto

Entre mim e a visão
o primeiro, eu
a segunda, meu
abrir mão por amor
não.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Em mim



Estou caindo. Ruídos, suposições do que possa ser. Mas não sei. Não tenho medo; eu quero mesmo me aventurar. Parece um poço, por onde eu vou caindo, e ao meu lado pensamentos, desiluões, tristezas, paixões, momentos, lembranças; inertes em sua queda.

Até agora não vi fundo. Também não olhei para baixo. Começou a chover; fez sol. De repente imagens e sons de um discurso. Primeira dama, pessoas importantes. Blecaute. Sumiram.
Estou caindo devaneiamente. Tento mas não quero me agarrar a algo. Estou sozinho, mas sei que a vida é mesmo assim. Tenho noção de que a queda faz parte e sinto que é passageira. Por isso observo tudo, enquanto caio.
Deixo os sons entrarem por meus ouvidos. Vivo, calo e penso. Reflito: agora sou eu e eu! Bato no peito. Chamo a responsabilidade, é a hora!
Os sinos batem. O tapete se estende. Os guardas esperam a entrada: é a minha vez!
Um brilho forte o suficiente para cegar os fracos reflete em meus olhos. Mas eu quero, eu quero a luz, o desconhecido atrás da capa. Eu quero entrar pra ver de onde vem a luz. Eu entrei. Entrei dentro de mim e agora somos eu e eu.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Blecaute






Blecaute. Acabou-se... Foi-se tudo! As pessoas, o cotidiano, o tráfico, as guerras, a televisão, os shows de rock, a mãe, o pai, Acabou-se! O que restou foram apenas os animais, 4 humanos, a natureza, e o que já havia sido construído pelos seres humanos até ali.

Demorou a cair a ficha de Martina, Marcos e Rindu e com certeza da velha que apareceu apenas 2 vezes e sumiu. Ao ver pessoas duras, estáticas, sem respirar, apenas ali de “corpo” presente, como aceitar a nova realidade dali em diante? Pessoas duras, sem sentimento, pausadas, como se os três estivessem numa velocidade superior a da luz, enquanto os outros não, normais em sua inércia cotidiana.

Três. Por que eles? Por que aquilo? Cadê Deus? Apenas muita angústia e o mundo todo para eles, abandonado.




segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Olá, Leitores!

O blog estava ausente neste período de carnaval. Mas volto a "confidenciar" para vocês a partir de hoje. Lembro também que a história está pausada por momento indeterminado
Obrigado a todos que leram os textos até aqui. Não se esqueçam de comentar! Beijos e abraços!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Dias de queda


Na saída da escola era aquele caos. Muitas pessoas e ao mesmo tempo quase ninguém. Futilidade por toda parte. Avistei Rodrigo, mas já estava longe. Não encontrei mais ninguém. Fui embora, pra que ficar ali?

No caminho só devaneios. Tentei esquecer um pouco e até consegui, por um tempo.


Decidi ir à praia. Liguei para João. "Xuaum tá com a namorada, Fernando". Era engraçado, sempre que a mãe dele falava "Xuaum" eu tinha vontade de rir. Mas tudo bem, Xuaum não estava. Rodrigo estava no estágio, no jornal da escola. Marcelo, como sempre na Academia. Bruno dormindo, pra variar. Ah, quer saber? Vou sozinho.

Andando de bicicleta pela orla. Como é lindo o Rio de Janeiro. Mulheres a caminhar, jogando volei exibindo seus belos corpos, passeando com labradores peludos...


Pac! Tátápum!


Num átimo, me estabaquei no chão. Andar sem as mãos pedalando com força de chinelo não é uma boa idéia. A ponta do meu chinelo pegou no chão da ciclovia e eu perdi o controle e... Sentia uma dor horrível. Parecia que tinha levado uma surra numa roda de punk. Levantei com cuidado. Algumas pessoas olhando. Estonteado, ainda ouvi uma mulher dizer, caminhando: "Ta vendo", sem nem parar para ajudar. Às vezes o Rio de Janeiro me dava nojo. Em nível de extremos, sua sociedade, composta por cariocas esposas de ricaços e bandidinhos "amigos" de playboys para os quais vendem seus "produtos", era estarrecedora.


Será que era isso o acontecimento importante que ia aparecer na minha vida?..


Peguei minha bicicleta, montei e

"Volta o Cão Arrependido

Com suas orelhas tão fartas

Com seu osso roído

E com o rabo entre as patas", como diria o célebre Chaves...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Iminência

Aulas acabando, aquele clima de fim de ano se instalando. Minhas notas iam na mesma, talvez passasse direto, talvez não; mas tudo se resolveria nas provas finais e as férias seriam longas e proveitosas mais uma vez... Solteiro, fazia um tempo que eu não beijava, mas estava apaixonado, isso não me atormentava. O livro que estou escrevendo não havia saído da primeira página, mas estava com muitas idéias, nunca estive com tantas idéias. Tudo aparentava estar em seu lugar. Exceto por uma coisa. Não sei por que vinha sentindo que algo de muito importante iria acontecer em minha vida. O problema é que eu não fazia a mínima idéia do que podia ser. Essa iminência era a minha maior preocupação. Passar ou não de ano, tirar ou não férias longas, beijar ou não beijar, eram coisas secundárias, terciárias até...

Acordei, mais uma vez atrasado para escola. Provas finais. Arrumei-me correndo, peguei a bicicleta e sai do prédio. Gostava de ir pela Rua Nascimento Silva e seguir na contramão às margens da pista. Fui. Chegando lá lembrei que só iria encontrar vagabundos como eu, que não estudaram o ano inteiro e ficam desesperados quando cai a ficha de que podem reprovar de ano. Mas tudo bem, eu não estava preocupado com isso, algo maior aconteceria a qualquer momento e era isso que importava.

Minha intuição estava me deixando maluco. Entrei na escola, falei com os inspetores e fui até a minha sala. Abri a porta; fui olhado como lixo pelo professor - "o cara fica de prova final e ainda me chega atrasado"... - procurei um lugar ao sol e me sentei. Impressionante como alguns não dão a mínima para o conhecimento. Mas quem sou eu para falar, estava ali igual a eles, no mesmo barco.

Eu andava me sentindo muito estranho. Não sabia se estava feliz, triste, com frio, calor, bonito, feio... não sabia. Minha amiga entrou na sala. Ufa! Sentou-se ao meu lado, conversamos bem baixinho, mas não naquele tom de voz sequelado querendo dizer que estava falando baixo. Apenas estávamos conversando ao léu da aula... "Nando, to sentindo algo estranho hoje, não sei o que é. Parece que vai acontecer alguma coisa, mas não sei o que..", fazendo cara de pensativa olhando para o nada. Na hora em que falou quase cai da cadeira para falar que sentia o mesmo.

Acabou a aula. Não aprendemos nada. Apenas discutimos quem tinha passado direto, quem tinha ficado com quem no fim de semana e, claro, sobre a iminência maldita dos dois... Quis conversar com ela na saída, mas ela teve que sair correndo. Não sei onde ela arruma tanta coisa pra fazer, anda sempre com olhares furtivos preocupada com alguma coisa.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Apenas uma música...

(Leia escutando a música Beautiful thing, da banda Sister Hazel)

Uma musica é muito bom para relembrar. Lembro de uma menina que estudou comigo na oitava, sétima série sei lá. Eu era muito tímido, ficava nervoso pacas pra falar com a menina. Mas um dia decidi pegar seu msn, já que era tão difícil abrir a boca.
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Adicionei, conversei por alguns dias e depois consegui o tel dela. Liguei assim que peguei. Nem lembro o que falamos, mas foi muito legal. Nos outros dias na escola, tentava falar algumas coisas, mas ela era muito linda, me dava arrepios, era tão colorida a sua presença que eu ficava estático admirando, e mudo. Era melhor olhar de longe , vê-la me olhar as vezes, por que nas palavras eu era péssimo falando.

Um dia perguntei de que musica ela mais gostava. "Procura lá: Sister Hazel - Beautiful Thing. Aaaaamo essa música". Ouvi. Passei a amaaaar a música também. Só escutava essa música quando nos falávamos por msn.

Um dia, ela ficou com o menino que eu odiava. Fiquei sabendo por outros, afinal eu não era amigo, nem ficante, nem nada dela, era apenas mais um que a “arroizava”... Fiquei indignado. Desapaixonei-me. Passei a odiar mais o "menino-dixcolado" que tinha a língua presa. Segui meu caminho.

Muitos anos depois, nem moramos mais na mesma cidade, nao faço a mínima idéia de como seria conversar com ela hoje, mas a música permaneceu. Se escuto ela, lembro da garota.
Era a menina mais linda do mundo, no meu mundo. Hoje, apenas uma música...

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Amar, verbo intransitivo, de Mário de Andrade


Procurei na resenha abaixo acusar algumas características do livro em forma de tópicos, para facilitar o entendimento por parte do aluno ou qualquer interessado pela obra e suas nuâncias.



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Publicado em 1927, Amar, Verbo Intransitivo, de Mário de Andrade, chama a atenção por inúmeros aspectos. O título da obra, o tema tratado, a linguagem utilizada, a estrutura do texto, a classificação que o autor da à obra; todos esses elementos foram utilizados de forma inovadora por Mario de Andrade, o que caracterizou a obra como moderna.



O Título da obra

O título da obra chama a atenção, pois há uma contradição gritante. Amar é verbo transitivo direto, e não intransitivo. No entanto, a mensagem que tenta se passar não é puramente de rebeldia contra a gramática brasileira, mas uma simples mensagem: “ame, independente do objeto”.

O Tema tratado

“A história é sobre a iniciação sexual do protagonista, Carlos Alberto. Seu pai, Sousa Costa, preocupado em prepará-lo para a vida, contrata uma profissional para isso, Fräulein Elza. O grande medo de Sousa Costa é que, se seu filho tivesse sua iniciação num prostíbulo, poderia ser explorado pelas prostitutas ou até se tornar toxicômano por influência delas.”
Percebe-se que o tema é totalmente inédito e de grande impacto para a sociedade da época, pois o leitor acompanha a história de um rapaz de 16 anos que vai se apaixonando aos poucos por uma prostituta, apesar dela se intitular “professora de alemão e do amor”.
Há cenas que mostram claramente os sinais de crescimento da chama sexual do menino pela “governanta”, como nos momentos em que estão sozinhos na biblioteca ou em uma cena extremamente discreta em que ele se masturba inspirado nela. Até chegar o dia em que ele vai ao quarto de Fräulen de madrugada e eles iniciam uma relação sexual.


A Linguagem utilizada

Mario de Andrade utiliza uma linguagem que provavelmente foi considerada “errada” na época. Isso porque se afasta do português tra dicional ao imitar o padrão coloquial brasileiro. É como se o texto imitasse a maneira de falar do nosso povo.

A Estrutura do texto

A narrativa é em terceira pessoa, linear e corre sem capítulos durante todo o livro. Para separar os acontecimentos, o autor apenas dá um espaço visível para que o leitor não tropece na leitura. É mais freqüente o uso do discurso direto, nos diálogos, mas em algumas vezes, usa também o discurso indireto e o discurso indireto livre.
A pontuação é utilizada de forma livre. O autor preocupa-se mais em deixar a leitura correr do que prender o leitor às pontuações utilizadas somente para obedecer à norma gramatical.
O que chama a atenção são as digressões que o autor faz no decorrer do texto. O autor faz comentários marginais no decorrer da história em que tenta explicar na maioria das vezes, embasado nas teorias freudianas, a natureza do comportamento dos personagens diante das situações.

Quanto à classificação que o autor da à obra

O livro recebe uma curiosa classificação: é apresentado na capa como Idílio. A classificação é feita pelo próprio Mario e a perplexidade é inevitável. Como que um idílio, o qual implica uma forma singela de amor em que não se tem dúvidas quanto à reciprocidade entre dois sujeitos, pode representar a relação sexual que se tem entre um menino de 16 anos e “uma professora do amor” de 35? Só os misteriosos sentimentos de Elza poderão dizer...

Destrinçados os elementos que compõem a obra, cabe agora ao leitor conhecer essa intrigante história de lição de vida e de escrita que Mario de Andrade dá aos leitores com o idílio modernista “Amar, Verbo intransitivo”.



Referências:

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/a/amar_verbo_intransitivo ,

http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBrasileira/Modernismo22/Mario_de_Andrade_Amar_Verbo_Intransitivo_resumo.htm