quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Em mim



Estou caindo. Ruídos, suposições do que possa ser. Mas não sei. Não tenho medo; eu quero mesmo me aventurar. Parece um poço, por onde eu vou caindo, e ao meu lado pensamentos, desiluões, tristezas, paixões, momentos, lembranças; inertes em sua queda.

Até agora não vi fundo. Também não olhei para baixo. Começou a chover; fez sol. De repente imagens e sons de um discurso. Primeira dama, pessoas importantes. Blecaute. Sumiram.
Estou caindo devaneiamente. Tento mas não quero me agarrar a algo. Estou sozinho, mas sei que a vida é mesmo assim. Tenho noção de que a queda faz parte e sinto que é passageira. Por isso observo tudo, enquanto caio.
Deixo os sons entrarem por meus ouvidos. Vivo, calo e penso. Reflito: agora sou eu e eu! Bato no peito. Chamo a responsabilidade, é a hora!
Os sinos batem. O tapete se estende. Os guardas esperam a entrada: é a minha vez!
Um brilho forte o suficiente para cegar os fracos reflete em meus olhos. Mas eu quero, eu quero a luz, o desconhecido atrás da capa. Eu quero entrar pra ver de onde vem a luz. Eu entrei. Entrei dentro de mim e agora somos eu e eu.

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