quarta-feira, 30 de junho de 2010

Pequenas porções de evolução

Veja como cresci. Eu não tinha tantos apelos; olhe para mim: estou com cara de sério, centrado em meus estresses diários, mas também preocupado com a felicidade. Estou vivendo uma vida de adulto, não imaginei viver essa transição sem notar.

Para mim, isso era coisa de outro mundo, poder conversar com pessoas mais velhas; hoje em dia é aprendizado, algo bom e saudável.

Eu percebi uma coisa até o dia de hoje: aprender com o outro é essencial. Antigamente e até hoje tenho preconceitos, mas tento sempre me livrar disso admirando o próximo.

No entanto, existem coisas, para mim, que realmente não fazem sentido admirar. Restart, Cine; sei lá, são coisas in-gostáveis. O motivo é saber que a banda não tem personalidade, escreve para a massa, vive de forma retrógrada; acho que não é bem por ai que se tece o caminho para uma carreira digna de aplausos.

Hoje em dia, tudo o que é feito com esforço e estudo eu admiro. Pessoas que soaram, que tiveram um momento divino numa composição, que procuraram a melhor nota, que compuseram com vontade, que escreveram com firmeza, que tocaram ensaiados; esses são dignos de aplausos. E muitos.

Tem um cara que eu vi na internet - não sei muito sobre a vida dele, mas percebo que ele teve atitude em falar muitas coisas que pensamos, mas não manifestamos a opinião em público.
O nome dele é Felipe Neto. Ele expõe suas opiniões diante de comportamentos na sociedade. Apesar de muitas vezes pode parecer equivocado é interessante assisti-lo. Basta escrever "Felipe Neto" no youtube que você, Leitor, acha.

Boa noite.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Pequeno grande mapa histórico subjetivo

Foi uma época difícil. Minha vida estava na contramão, desviando dos carros em alta velocidade com os olhos fechados. Por meses fiquei louco, louco de verdade. Nada fazia sentido; as pessoas me davam medo, tinha medo de falar com as pessoas. Achava que sempre estavam pensando algo ruim sobre mim. Minhas palavras e conversas sempre eram rebaixadas por mim mesmo ao ridículo. O violão, companheiro de guerras, me olhava preocupado. Sabia que tinha que dar tempo a mim, por isso se voltava para seu universo como simples objeto material.

Minha belle dejour acabava de me deixar, foi o cúmulo.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Vida de escritor

Gay Talese, nascido numa pequena cidade norte-americana de Nova Jersey, em 1932, filho de imigrantes italianos, é um dos criadores da expressão “novo jornalismo” - que investiga com as ferramentas de repórter e relata com os recursos literários de escritor. Até o ano de 2005, havia publicado quatro obras, entre elas a mais famosa “Fama e anonimato”, Companhia das Letras, 536 páginas, livro que reuni textos que Talese publicou após os anos 60 em revistas como Esquire e The New Yorker. Em 2006, ele termina a autobiografia Vida de escritor, Editora Companhia das Letras, 512 páginas. Segundo o jornalista Mário Sérgio Conti, autor do posfácio da obra, “Vida de Escritor foi o livro de Talese que teve pior recepção nos Estados Unidos. As restrições foram de duas ordens: ele seria um pot-pourri com restos de livros que goraram; a sua construção era forçada e frágil.” Mas por que Gay Talese quis reunir suas histórias que não alcançaram o status de livro em uma só obra? Percebe-se que não é tão simples assim.

De fato, Talese retrata suas experiências de forma sinuosa, em que relata o passado distante e o passado mais próximo de forma contínua; apenas um parágrafo separa décadas de vida. Seu dom para retratar cada ambiente, cada personalidade e até mesmo os pensamentos que tinha diante das situações, por muitas vezes deixa a obra cansativa. A impressão que se tem é que, na medida em que ia escrevendo, Talese recordava de outros acontecimentos e fazia questão de escrevê-los imediatamente.

Por exemplo, ele começa o livro falando de uma Chinesa que perdeu um pênalti no final de uma copa do mundo feminina de futebol. A partir daí, surge a idéia de entrevista-lá de uma forma diferente daquela abordada na mídia, em que apenas um parágrafo resumiria a situação. Talese queria saber o que se passava na cabeça da chinesa e como ela iria fazer para encarar sua nação na volta ao país. É uma idéia excelente! Porém ele só consegue retomar à situação no final do livro. Até lá, muitas descrições, apesar de conseguir interligar histórias totalmente diferentes de maneira hábil.

Talese consegue contar fatos importantes que na época fracassara, seja por sugestão de pauta, seja por não conseguir transformar seus textos em livros, como desejava. Essa é a grande sacada do livro. "(...) eu achava que com tantos livros de sucesso no mercado, e sobre como ficar rico, e como vencer, seria interessante ler algo sobre pessoas que talvez tenham desenvolvido um talento singular para a derrota", conta Talese.

E é verdade: qual autor renomado tem a coragem de mostrar seu lado fracassado, suas idéias que, quando criadas, em sua cabeça eram brilhantes e, no momento de apresenta-las a alguém, o não surge antes mesmo de qualquer coisa? São poucos que têm a audácia...

Apesar das suas constantes digressões, Gay conta os bastidores de acontecimentos importantes, como a marcha contra o racismo, liderada por Martin Luther King. Na época, repórter pelo New York Times, ele retrata o comportamento de uma sociedade segregacionista ao extremo, a ponto de os negros não possuírem direito a voto! Conta não só como foi a passeata, mas principalmente os impactos depois que a mídia esqueceu a cidade de Alabama, palco das reivindicações. A cidade era a mesma, ainda via-se os olhares e comportamento resignados por parte dos negros.

Esses e outros acontecimentos são relatados no livro de forma calorosa. Percebe-se na leitura que Gay tem prazer em contar seu dia-a-dia nas redações, na cobertura de acontecimentos como jornalista iniciante ou não, em descrever o outro visando sempre não só o lado conhecido por todos, mas principalmente a face humana da pessoa, seus comportamentos e predileções. O leitor que prefere caminhos alternativos, em vez da “verdade” que a maioria segue, irá se identificar com essa obra prima de Gay Talese, mesmo aquele que não goste de rodeios em volta do mesmo assunto, ao menos irá admirar a paixão que Talese tem com o ser humano, a si mesmo e, principalmente, à escrita.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Victor, o rapaz em quadrinhos


Ao ser o escolhido para subir ao palco e falar de sua vida, o estudante de jornalismo Victor Nunes Monteiro, 19, a princípio pensou ser uma tarefa fácil. Afinal, as perguntas eram destinadas à elaboração de um perfil sobre a sua pessoa, sendo realizadas pelos estudantes em sala. E como todos tinham esse único objetivo, ele não teria de fazer o trabalho, visto que sua presença frente à turma já bastava para garantir sua nota.

De aparência tímida, porém não tão discreta, Victor sentou-se à mesa e esperou começar a entrevista. No início, perguntas simples não abalaram com o interior do estudante. Respondendo calmamente as mais básicas, contou que sempre morou em Brasília com os pais, se disse um cara sossegado, que gosta de esportes, apesar de seu comportamento de menino caseiro.


Mas, como nem tudo são flores, as perguntas mais íntimas foram aparecendo e Victor, com o passar do tempo, não parecia tão à vontade como de costume.


Os entrevistadores passaram a perceber algo incomum em um rapaz de 19 anos: sua dependência em relação aos pais. Perguntado sobre a relação com os esses, Victor foi direto: “Temos uma relação boa, a gente não briga muito não”. Mas, logo em seguida, entoou de forma não muito satisfeita: “Ela (a mãe) sempre tem alguma crítica nas coisas que eu faço”.


O desabafo foi em relação a um desejo antigo em realizar o curso de cinema. Segundo ele, a mãe, devido à inconstância das decisões do filho, resolveu matriculá-lo no curso de jornalismo, apesar de Nunes não gostar de ler.


O estudante do terceiro semestre de jornalismo confessou também sofrer bulling - nome dado às violências cometidas por alunos encima de outros alunos - na adolescência. “Pedi ajuda terapêutica para minha mãe”. A terapia durou até o final de dezembro de 2006, quando Victor decidiu sair por conta própria, alegando que a terapia propunha um estilo de vida diferente do seu.


Em seus 19 anos de vida, Victor teve apenas uma namorada, aos dezesseis anos. Ao contar sobre o relacionamento, visivelmente seus movimentos tornaram-se mais agitados, o que demonstrou certa resistência ao falar sobre o assunto. O relacionamento não durou muito, apenas 3 meses, acabando de forma peculiar.

De acordo com Victor, certo dia o casal estava passeando pelos corredores da escola quando a namorada percebeu que ele estava evitando permanecer de mãos dadas. Ela perguntou o porquê da esquiva. “Você transpira muito pelas mãos”, respondeu de forma inocente. Depois de dita a frase, que até hoje Victor não se esquece, a menina nunca mais quis tê-lo como namorado.


“Eu queria ter uma irmã mais velha pra me ajudar nessa questão feminina”. Senti sinceridade quando Victor disse isso. Aliás, desde que ele se sentou ali, na frente das pessoas, não percebi mentira em suas palavras.


Esse rapaz, que até aqui se mostrou dependente e de certa forma com medo de assumir seus desejos, apesar dos defeitos que, aliás, todos nós temos é, sem dúvidas, fiel à sua personalidade. “Minha motivação é acordar e poder encontrar e estar com as pessoas que eu gosto.” “Me considero um cara de muitos amigos”, acrescenta o menino tímido de costeletas e óculos que lhe dão vida e faz “Victor, com ‘c’” ser quem ele é.