terça-feira, 1 de junho de 2010

Victor, o rapaz em quadrinhos


Ao ser o escolhido para subir ao palco e falar de sua vida, o estudante de jornalismo Victor Nunes Monteiro, 19, a princípio pensou ser uma tarefa fácil. Afinal, as perguntas eram destinadas à elaboração de um perfil sobre a sua pessoa, sendo realizadas pelos estudantes em sala. E como todos tinham esse único objetivo, ele não teria de fazer o trabalho, visto que sua presença frente à turma já bastava para garantir sua nota.

De aparência tímida, porém não tão discreta, Victor sentou-se à mesa e esperou começar a entrevista. No início, perguntas simples não abalaram com o interior do estudante. Respondendo calmamente as mais básicas, contou que sempre morou em Brasília com os pais, se disse um cara sossegado, que gosta de esportes, apesar de seu comportamento de menino caseiro.


Mas, como nem tudo são flores, as perguntas mais íntimas foram aparecendo e Victor, com o passar do tempo, não parecia tão à vontade como de costume.


Os entrevistadores passaram a perceber algo incomum em um rapaz de 19 anos: sua dependência em relação aos pais. Perguntado sobre a relação com os esses, Victor foi direto: “Temos uma relação boa, a gente não briga muito não”. Mas, logo em seguida, entoou de forma não muito satisfeita: “Ela (a mãe) sempre tem alguma crítica nas coisas que eu faço”.


O desabafo foi em relação a um desejo antigo em realizar o curso de cinema. Segundo ele, a mãe, devido à inconstância das decisões do filho, resolveu matriculá-lo no curso de jornalismo, apesar de Nunes não gostar de ler.


O estudante do terceiro semestre de jornalismo confessou também sofrer bulling - nome dado às violências cometidas por alunos encima de outros alunos - na adolescência. “Pedi ajuda terapêutica para minha mãe”. A terapia durou até o final de dezembro de 2006, quando Victor decidiu sair por conta própria, alegando que a terapia propunha um estilo de vida diferente do seu.


Em seus 19 anos de vida, Victor teve apenas uma namorada, aos dezesseis anos. Ao contar sobre o relacionamento, visivelmente seus movimentos tornaram-se mais agitados, o que demonstrou certa resistência ao falar sobre o assunto. O relacionamento não durou muito, apenas 3 meses, acabando de forma peculiar.

De acordo com Victor, certo dia o casal estava passeando pelos corredores da escola quando a namorada percebeu que ele estava evitando permanecer de mãos dadas. Ela perguntou o porquê da esquiva. “Você transpira muito pelas mãos”, respondeu de forma inocente. Depois de dita a frase, que até hoje Victor não se esquece, a menina nunca mais quis tê-lo como namorado.


“Eu queria ter uma irmã mais velha pra me ajudar nessa questão feminina”. Senti sinceridade quando Victor disse isso. Aliás, desde que ele se sentou ali, na frente das pessoas, não percebi mentira em suas palavras.


Esse rapaz, que até aqui se mostrou dependente e de certa forma com medo de assumir seus desejos, apesar dos defeitos que, aliás, todos nós temos é, sem dúvidas, fiel à sua personalidade. “Minha motivação é acordar e poder encontrar e estar com as pessoas que eu gosto.” “Me considero um cara de muitos amigos”, acrescenta o menino tímido de costeletas e óculos que lhe dão vida e faz “Victor, com ‘c’” ser quem ele é.

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