terça-feira, 28 de junho de 2011

Em excesso, nada presta

Nada que se presa, com efeito,
presta sobre o excesso de qualquer pois.
Pois nem a água e nem o vinho
nem o quarto, nem o linho
nem o arremate, nem o arremesso
e o amor, e o retrocesso
e o endereço.
Nada que se diga
que se nada faça
ou que tudo se torne
provará-se-á.
Pois, em excesso, nada presta.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A porta dos meus vinte e um

Pela porta dos vinte e um anos, descobri
que existe muito mais do que
simplesmente não crer. Crer é muito
mais que frequentar cultos religiosos
e se dizer fiel a uma religiao. Crer pode ser
isso. Mas é muito mais.
É olhando pela fresta dos vinte e um que eu consi-
go vislumbrar um novo caminho; como
diria um poeta amigo meu, uma Nova Era.
Nesse novo espaço, as descobertas e conquistas
serão força motriz desta perfeita sinfonia
que há de vir. Ja pelos murmurros e tons
agudos, consigo perceber - adoro esse palavra
quando cantada - que há um mundo
vasto mundo, em que Raimundos não
são coincidências, mas sim parte do arranjo,
ou do acorde.
Da para se imaginar muita coisa por entre a
fresta dos meus 21. O que a nume-
rologia diria deste numero neste exato momento
da minha vida? Seria mera coincidência?
Nao importa. O que importa
é que um mundo de acontecimentos fizeram
essa porta se abrir. E eu vou, de mãos dadas
com todos os que me ajudaram até aqui, des-
vendar as infinitas highways que ainda
hei de percorrer. Obrigado, Deus. Obrigado
                                                      [a todos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Pra que serve o fracasso?

Por que esse infortúnio, quando sentido na pele, causa um choque? É um choque inevitável, que provoca por alguns segundos um silêncio que toma qualquer sorriso e o deixa de lado, enquanto o filme da trajetória malograda se passa em nossos olhos.

Eu quero, por meio deste texto, apresentar alguma importância ao fracasso. Este infeliz que traz a felicidade, desde que percebido, trabalhado e superado.

Existem milhares de maneiras de se fracassar. Você pode fracassar no vestibular, relacionamento, partida de futebol, oportunidade de emprego, texto, comentário infeliz, trabalho, amizade, discurso de rei; na verdade, tudo tem possibilidade de fracasso. Todos podem fracassar. E todos devem.

Eu tenho um sonho, que é passar na Universidade de Brasília. Há três anos tento de alguma maneira ingressar nessa instituição. Já tentei, ao menos, quatro vezes, todas sem sucesso. Hoje saiu o resultado da minha última tentativa. Mais uma vez não consegui. Por pouco. Fiquei chateado. Senti o mesmo choque que o fracasso toda vez causa, e precisei ficar por um pouco sozinho.

Sozinho, pensei, pensei e pensei. Onde eu errei? Faltou mais estudo? Confiança? Perseverança? Talvez tudo isso. Eu acho que quando estamos realmente preparados para alguma situação, nós sabemos que vai dar certo. Porque estamos muito fortes, e os obstáculos se curvam como seres inferiores. Nessa situação, somos os donos da força de espírito e coragem. Eu não me lembro até hoje que eu tenha me sentido completamente seguro dessa maneira. Por isso não sei nem se existe tal sensação.

O fato é que não existe sucesso sem o fracasso. Pois sem este, não há superação. Sem superação, há comodismo. Com comodismo, não haveria luz elétrica, televisão; estaríamos até hoje pensando que somos os únicos no universo e que o sol é que gira em torno de nós, e também que o planeta Terra é quadrado.

Espero aprender mais com o fracasso. Eu queria finalizar este texto com alguma citação famosa, mas nada me veio à cabeça. Finalizo então com um agradecimento por lerem este texto. Espero que minhas palavras ajudem alguém.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Bossa nossa

Será que sou só eu que sinto a solidão nesse momento?

Que egoísmo... Mas a sensação é esta. Eu bem queria, mas está tudo tão longe, e o passado e o presente... O futuro então nem se fale. Sumiu, desapareceu. Me deixou aqui pensando em amores, momentos. É muito bom quando se está acompanhado de Chico Buarque, Gal Costa e Djavan; os três cantando numa sintonia que me deixa de certa forma mais acostumado com esse momento de solitude.
                                                                    .
                                                                    .
                                                                    .

Como sou volátil. Já deixo a Nuvem Negra e grito: Chega de Saudade!, pois se entregar à nostalgia, de tal forma que se fique triste, pode não valer muito a pena, dependendo do momento.

Pois agora acho que devo reagir. E cantar que Apesar de Você, Vai Passar!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A mulher perfeita. Ou, a Mulher invisível



Começo com um velho clichê: Quem entende a cabeça das mulheres? Se pararmos para analisar superficialmente, saberemos que:

primeiro: elas gostam de homens decididos, que no mais das vezes demonstram certo domínio sobre elas;

segundo: se marcar encima demais, dando pinta de apaixonado, é chife ou término na certa. Mulheres não gostam de flores, mas sim de sexo bem feito;

terceiro: porte físico, inteligência na medida certa etc.

Ok. Superficialmente, disso, todo mundo sabe. Agora, na prática, a história muda de patamar. Nunca entenderemos a cabeça das mulheres, porque não entendemos a nossa própria cabeça. Sabemos desses alicerces ditos acima, mas não sabemos o porquê de não executá-los da maneira como descrito no manual.

Ontem, estava velejando (?) pelos canais  de TV, e vi que ia passar o filme "Mulher Invisível". Lembrei de algo que tinham me dito sobre o filme e pensei que seria legal assisti-lo. Foi numa conversa qualquer, sobre mulheres, que alguém me disse: "Não existe mulher perfeita cara, é igualzinho ao filme Mulher Invisível: elas não existem!"

Assisti ao filme. Fiquei impressionado com a ideia do autor, Cláudio Torres. Realmente, na cabeça de todo homem, a mulher perfeita é um consenso que não precisa de discussão. Ela é sexy, compreensiva, carinhosa, faz sexo como uma deusa, é dedicada, decidida com seu homem; enfim, é perfeita! Porém, como mostrado no filme, é uma ideia, um tipo ideal, e por isso, nunca será real. Ela é invisível.

Eu realmente desisto de tentar entender a cabeça das mulheres. Quando tento, acabo ficando mais confuso e escravo desse amor. Por que um dia ela quer casar com você, e no outro ela quer que você se foda? Por que um dia ela te acha perfeito e no outro acha o primeiro homem que a elogia? Por que um dia elas desejam flores e quando você as entrega no outro elas já não querem mais? Por que eu estou explorando essas dúvidas se há quatro linhas atrás eu disse que não queria mais saber das respostas?

Talvez a saída seja sempre ter consigo a imagem da mulher ideal, independente de poder tocá-la ou não. Como a mensagem do filme, amar a mulher ideal é amar a si mesmo, pois ela é criação sua, ela é você, e você a amando, e sabendo que será amado, é muito melhor do que tentar entender a cabeça das mulheres.

Quem não entendeu nada do que eu escrevi aqui, assista ao filme, e não se esqueça de reparar na última cena.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Conversei com a Natureza

Ontem, conversei com a natureza
e ela me disse - Com certeza! Ta faltando alguma coisa
Sei não, mas quando a folha caiu no chão
eu já lembrei do rosto dela,
parece até novela...
Mas Mãe, me diz!
Por que com ela me sinto aprendiz?
Acaso perfeito
deslizou em meu peito
como que devagar..
Que tal meu bem me quer?!
Mas vale como der
Insista na carência
na doce adolescencia
e eu lhe direi nasceu
Nasceu o som do povo
a flor da paz

Choveu? Não sei...
Disseram por ai que sim,
mas ela não ta aqui
para dizer
sim.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A Rotativa Parou! Os Últimos Dias Da Última Hora de Samuel Wainer

“Uma vitória do progresso”, título do derradeiro artigo de S. W. para a Folha, que versava sobre as conquistas dos operários liderados por Lech Walesa na Polônia.



Livro de Benicio Medeiros, publicado em 2009, A Rotativa Parou!, 215 páginas, Civilização Brasileira, conta os bastidores da redação de um jornal que ficou para a história da imprensa brasileira. E mais, informa nas entrelinhas da narração um pouco da situação política, econômica e social do país na época em que Ultima Hora permaneceu sob o comando de seu criador.


Cheguei a esse livro por curiosidade em saber quais obras estavam concorrendo a prêmios de jornalismo, como o Esso e o Jabuti. Ao pesquisar na internet, li o título citado acima e me interessei mais ainda ao ver a capa. Até então nem imaginava da existência desse jornal. Já tinha lido em vários lugares o nome Samuel Wainer, mas não sabia quem era e o que fazia. Pois bem, resolvi comprar o livro.


A Rotativa Parou! é, nas palavras do autor, um livro de lembranças, com poucas entrevistas e uma certa pesquisa em torno do contexto do jornal. Portanto, é caracterizado como livro-reportagem. Uma curiosidade explanada pelo autor:  inicialmente era para ser um artigo, que cresceu, foi sendo separado por capítulos e acabou se transformando nesta obra.
 
Benicio trabalhou como repórter por um curto período na UH. Durante esse tempo, cobriu “abobrinhas” pelas ruas do Rio de Janeiro. Mas também fez entrevistas com personalidades importantes, como Di Cavalcanti. Em 70, época em que sequestros de diplomatas por grupos contra o regime era uma das formas de protesto, chegou a fazer plantão em frente a embaixada da Alemanha e Suiça junto a varios outros jornalistas. Sem muito êxito, pois as informações oficiais eram escassas nessa época, há seis anos instalada a ditadura.


É interessante a forma como descreve o ambiente da redação do UH. Para nós, estudantes de jornalismo, a realidade de trabalhar em uma redação parece algo distante. Mas ele consegue descrever um pouco do que é, pelo menos em sua época, o espírito de ir atrás das fontes e depois sentar para escrever.


Benicio era um repórter jovem que via ao seu lado grandes nomes do jornalismo, como Moacir Werneck de Castro, Nelson Rodrigues e João Ribeiro. O autor conta como era trabalhar com Samuel Wainer. “Talvez a maior diferença entre UH e os concorrentes é que esses não contavam com o carisma, o dinamismo e a ousadia de Samuel Wainer. Isso não podia deixar de se refletir no seu jornal e contribuir para o extraordinário sucesso da UH nos primeiros tempos.” Realidade bem diferente dos veículos comandados por empresários que só vêem o jornal como barganha. Medeiros e muitos outros que trabalharam com Wainer acreditam que esse carinho que o dono tinha para com o jornal se devia as suas raízes e claro, ao seu sonho. Wainer, antes de empresário, foi repórter, inclusive trabalhou para Assis Châteaubriant, em “O Jornal”. Muitos questionaram na época como ele teria levantado fundos para erguer a UH. Um só acontecimento talvez explique.


Samuel, em março de 1949, como repórter do “O Jornal”, foi ao interior do Rio Grande do Sul, numa fazenda em São Borja, achar Getúlio Vargas para realizar uma de suas mais marcantes reportagens. Retornou com a matéria, dando o título “EU VOLTAREI COMO UM LIDER DE MASSAS”. Getúlio voltou, em 1951, dessa vez eleito pela via democrática e então já tratava Samuel como “Profeta”. Muitos consideram, inclusive um texto que li no site arquivo público de São Paulo, que o Ultima Hora foi idealização de Vargas. De fato, indícios apontam tal afirmativa. A UH defendeu o governo getulista durante todo o seu mandato (1951-54). Por conta disso, enfrentou uma série de campanhas que ameaçavam a sua própria existência.


Assuntos polêmicos a parte, a importância do jornal para a imprensa brasileira está relacionada à sua diagramação inovadora; a uma linguagem que se aproximava ao popular, sem apelar ao sensacionalismo; aos intelectuais que passaram pela redação; à sua personalidade forte; tudo isso fruto de um sonho de um jornalista que usou de todos os seus esforços para fazer o seu jornal entrar para história da imprensa brasileira.

 
A UH sobreviveu durante 20 anos, de 1951 a 1971, quando passou de mão em mão até fechar as portas com uma dívida de 450 milhões de cruzeiros em 1991. “A UH que valeu a pena terminara há muito tempo, exatamente no dia em que Samuel Wainer e seu jornal deixaram de compartilhar os seus destinos.”, desabafa Benicio Medeiros, autor dessa obra que lhe valeu o quarto lugar no 52º prêmio Jabuti.

“Em 1971, mesmo ano que vendeu a UH, Samuel tornou-se empregado do antigo concorrente Adolpho Bloch, comandando um semanário de pouca duração, o Domingo Ilustrado (...) Depois dessa curta experiência, como qualquer outro jornalista brasileiro em busca de melhores oportunidades, seguiu para São Paulo, assumindo inicialmente –ironia do destino – o cargo de redator-chefe da última Hora paulista, que ele próprio fundou e que no tempo de exílio vendera ao grupo Folha.”


Samuel morreu em 2 de setembro de 1980, aos 70 anos. Quem quiser saber mais sobre a sua vida, Minha Razão de viver, eds. Augusto Nunes & Pinky Wainer, Planeta, 2005, é uma autobiografia editada postumamente por sua filha, a artista plástica Débora ("Pinky") Wainer.