terça-feira, 23 de novembro de 2010

Enquanto a festa....

Estávamos numa festa em uma casa onde a maioria das pessoas vestiam trajes com cores claras. Era uma festa de confraternização com o pessoal do trabalho. Eu devia ser um dos mais novos, apenas com 22 anos, enquanto outros tinham 20, 30 anos só de banco. O bom dessas festas é que você olha para os colegas de profissão com um olhar diferente, pois ninguém se comporta da mesma maneira como se comporta em outros ambientes. O chato é que sempre há aquelas pessoas chatas, dessas que vivem para o trabalho. Essas não mudam, são as mesmas pessoas tanto dentro como fora do ambiente profissional.

Enquanto conversava com alguns colegas, reparei em Juliana, uma loira alta, com andar marcante e um olhar carinhoso, de mulher. Ela estava linda. Com um vestido bege claro, conversava e ria, enquanto os homens babavam a cada palavrinha dita por ela.

Juliana deve ter perto de seus vinte e nove anos. É uma mulher muito atraente. Sempre a olhei no trabalho como uma mulher segura de si, que toma suas decisões e caso haja alguma dúvida, consultaria a mãe, companheira de vida.

Na festa, eu a percebia como no trabalho. Eu era só mais um que perambulava pelo décimo oitavo, mesmo andar de trabalho dela. Só que notei algo diferente em seu olhar esta tarde. Ela voltou o rosto para mim e apertou suavemente os olhos, como um discreto convite sedutor. Fiquei sem saber o que fazer e me virei rapidamente. Fingi que não vi e ri, falando coisas sem sentido para os colegas, tentando disfarçar minha timidez.

Enquanto o povo conversava, ficava me perguntando se aquele olhar tinha sido realmente para mim. Tive que tirar essa dúvida. Olhei para ela disfarçadamente, mas não retribuiu. Cheguei a desconfiar que foi charme, que no fundo me olhava de canto de olho, essas coisas que dizem que só as mulheres conseguem fazer. Mas não insisti, resignei-me que foi apenas impressão e voltei à conversa.

O papo estava chato. Pessoal falando de bolsa de valores, investimentos, fatos sobre economia; eu já não aguentava mais ficar ali. Trabalhava em um banco, e quando tinha uma festa para o pessoal se distrair um pouco, esse mesmo pessoal parecia ficar mais bitolado em questões financeiras do que em qualquer outro lugar. Sai dali, pra que ficar?

Fui dar uma volta na mesa que abrigava alguns salgados, doces, pães. Estava com uma cara ótima. Os coquetéis que o banco oferecia eram os preferidos da classe alta. Só cardápio chique. No entanto, o sabor não acompanhava essa chiqueza toda. Preferia uma coxinha, pastelzinho, do que esses salgados com nomes franceses que tinham gosto de nada. Me deu saudade das festas humildes.

Resolvi pegar só um suco com um garçom que passava.

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