terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Amar, verbo intransitivo, de Mário de Andrade


Procurei na resenha abaixo acusar algumas características do livro em forma de tópicos, para facilitar o entendimento por parte do aluno ou qualquer interessado pela obra e suas nuâncias.



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Publicado em 1927, Amar, Verbo Intransitivo, de Mário de Andrade, chama a atenção por inúmeros aspectos. O título da obra, o tema tratado, a linguagem utilizada, a estrutura do texto, a classificação que o autor da à obra; todos esses elementos foram utilizados de forma inovadora por Mario de Andrade, o que caracterizou a obra como moderna.



O Título da obra

O título da obra chama a atenção, pois há uma contradição gritante. Amar é verbo transitivo direto, e não intransitivo. No entanto, a mensagem que tenta se passar não é puramente de rebeldia contra a gramática brasileira, mas uma simples mensagem: “ame, independente do objeto”.

O Tema tratado

“A história é sobre a iniciação sexual do protagonista, Carlos Alberto. Seu pai, Sousa Costa, preocupado em prepará-lo para a vida, contrata uma profissional para isso, Fräulein Elza. O grande medo de Sousa Costa é que, se seu filho tivesse sua iniciação num prostíbulo, poderia ser explorado pelas prostitutas ou até se tornar toxicômano por influência delas.”
Percebe-se que o tema é totalmente inédito e de grande impacto para a sociedade da época, pois o leitor acompanha a história de um rapaz de 16 anos que vai se apaixonando aos poucos por uma prostituta, apesar dela se intitular “professora de alemão e do amor”.
Há cenas que mostram claramente os sinais de crescimento da chama sexual do menino pela “governanta”, como nos momentos em que estão sozinhos na biblioteca ou em uma cena extremamente discreta em que ele se masturba inspirado nela. Até chegar o dia em que ele vai ao quarto de Fräulen de madrugada e eles iniciam uma relação sexual.


A Linguagem utilizada

Mario de Andrade utiliza uma linguagem que provavelmente foi considerada “errada” na época. Isso porque se afasta do português tra dicional ao imitar o padrão coloquial brasileiro. É como se o texto imitasse a maneira de falar do nosso povo.

A Estrutura do texto

A narrativa é em terceira pessoa, linear e corre sem capítulos durante todo o livro. Para separar os acontecimentos, o autor apenas dá um espaço visível para que o leitor não tropece na leitura. É mais freqüente o uso do discurso direto, nos diálogos, mas em algumas vezes, usa também o discurso indireto e o discurso indireto livre.
A pontuação é utilizada de forma livre. O autor preocupa-se mais em deixar a leitura correr do que prender o leitor às pontuações utilizadas somente para obedecer à norma gramatical.
O que chama a atenção são as digressões que o autor faz no decorrer do texto. O autor faz comentários marginais no decorrer da história em que tenta explicar na maioria das vezes, embasado nas teorias freudianas, a natureza do comportamento dos personagens diante das situações.

Quanto à classificação que o autor da à obra

O livro recebe uma curiosa classificação: é apresentado na capa como Idílio. A classificação é feita pelo próprio Mario e a perplexidade é inevitável. Como que um idílio, o qual implica uma forma singela de amor em que não se tem dúvidas quanto à reciprocidade entre dois sujeitos, pode representar a relação sexual que se tem entre um menino de 16 anos e “uma professora do amor” de 35? Só os misteriosos sentimentos de Elza poderão dizer...

Destrinçados os elementos que compõem a obra, cabe agora ao leitor conhecer essa intrigante história de lição de vida e de escrita que Mario de Andrade dá aos leitores com o idílio modernista “Amar, Verbo intransitivo”.



Referências:

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/livros/analises_completas/a/amar_verbo_intransitivo ,

http://www.jayrus.art.br/Apostilas/LiteraturaBrasileira/Modernismo22/Mario_de_Andrade_Amar_Verbo_Intransitivo_resumo.htm

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